Na década de 80, a convite do Centro Wilfredo Lam, estive em Cuba. Ali conheci a política correta que um governo socialista deve destinar à arte e aos seus artistas.

Presenciei uma completa liberdade de criação. Encontrei artistas figurativos, abstratos, cubistas, expressionistas. Tirei fotos de jovens artistas trabalhando em instalações. Vi de tudo. Inclusive arte sob influência religiosa africana. E tudo isso num ambiente descontraído de muita alegria e camaradagem.

Apesar das dificuldades financeiras, o governo destinou a enorme estrutura do antigo Jóquei Clube (onde outrora a burguesia cubana e norte-americana se divertia gastando seus dólares em apostas milionárias) à adaptação de ateliês de pintura, escultura, gravura, cerâmica, dança, instalações e outras atividades artísticas, aos artistas que necessitassem de um local tranquilo para seu trabalho.

Lá encontrei antigos alunos de Hayter, enviados a Paris pelo governo, para estagiarem no “Atelier 17”, (isso no período em que Cuba tinha boas relações com a URSS). Por aí constatei o cuidado do governo com a formação de seus artistas.

Wilfredo Lam foi um artista de vanguarda e sua memória é cultuada e respeitada.

Os cubanos não têm medo da arte abstrata.